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Foto do escritorAldigital - Educação

A ESCOLA ESTÁ PREPARADA PARA A NOVA ERA DE PODER?



A escola ocupa papel central na sociedade contemporânea, tendo em vista que em todos os países, em geral, os cidadãos, na infância e juventude, passam por ela. A escola ajuda na formação da Nação e, portanto, do País.


Assim, frente ao mar de informações, muitas delas desencontradas, cabe à própria escola instrumentalizar-se para oferecer formação segura também no campo do uso das tecnologias, pois elas estão transformando as relações sociais nos mais diversos campos, como relacionamentos, trabalho, economia e, claro, a própria educação.


            A repetição da afirmação de que “estamos preparando nossas crianças para enfrentar problemas que ainda nem existem” é um grande desserviço aos educadores, que se sentem pressionados e perdidos, tendo em vista que eles mesmos, muitas vezes, não se sentem preparados para enfrentar os problemas que estão enfrentando agora.


            O fato é que na história da civilização humana a evolução sempre se deu desse modo.  Isso não deve nos assustar. Na sociedade rural da Inglaterra do século XVIII não existiu qualquer preparação das gerações para viverem o pós-Revolução Industrial; a sociedade francesa da mesma época não pode preparar suas crianças e jovens para viverem no ambiente pós-Revolução Francesa; a Europa feudal não preparou as gerações futuras para a vida nas cidades e o fortalecimento das monarquias absolutistas e nem para o mundo novo que surgia com as Grandes Navegações. Tudo isso foi acontecendo de forma natural e as pessoas foram se adaptando.


            A diferença para o salto evolutivo que vivemos hoje é que as sociedades, anteriormente, tinham mais tempo para a adaptação frente às mudanças, que seguiam um ritmo natural e, agora, as mudanças estão sendo induzidas de modo artificial por grandes empresas, que se sobrepõem, algumas vezes, até sobre governos, num ritmo muito acelerado, o que favorece a superficialidade.

            Temos visto em todo lugar que, hoje, quem manda no mundo é o consumidor, pois é ele quem determina o que deseja consumir e, portanto, o que deve ser produzido, bem como os padrões de atendimento aceitáveis. Essa afirmação é de uma inocência quase pueril e só se aplica ao baixo clero do varejo, porque são as grandes empresas que induzem os nossos desejos e necessidades, sem que a gente nem perceba.


            Porém, hoje, temos mais informações disponíveis do que nunca, o que nos permite ensaiar algumas projeções e tomar alguma precaução. Mas é importante não se deixar arrastar por teorias do medo na educação, lembrando que a humanidade, de certa forma, sempre preparou as crianças para lidarem com problemas que ainda não existiam... É preciso lembrar também que, nesse cenário de mudanças e múltiplas ofertas mágicas na educação, a escola deve se precaver no sentido de não permitir que seus alunos sejam usados como cobaias de experiências superficiais e meramente comerciais.


            Como estamos de posse de muita informação e conhecimento, é nosso dever buscar que esse salto aconteça com o menor trauma possível, para as coletividades. Um dos maiores riscos que a tecnologia traz é a concentração de poder na mão dos poucos grupos de pessoas que dominam os conhecimentos científicos e tecnológicos, porque estamos todos nos entregando de boa vontade à incorporação da tecnologia em nossas vidas, sem, no entanto, nos preocuparmos em entender como ela acontece e o que estaremos sacrificando em nome dessas facilidades. Isso vai tornar as sociedades reféns de algumas empresas.


O genial físico Carl Sagan e sua esposa Ann Druyan, em seu livro O Mundo Assombrado Pelos Demônios, chegaram a prever, em 1995, que “tremendos poderes tecnológicos [estariam] nas mãos de poucos”.

            Ao longo da história, já tivemos vários tipos de poder dominando o mundo: poder militar, poder religioso, poder político, poder econômico... agora estamos entrando na era do poder tecnológico.


            A missão das escolas é procurar garantir que o maior número possível de pessoas tenha noções mínimas da base da tecnologia da informação, para que possam, ao menos, ir ensaiando um senso crítico a respeito da tecnologia em suas vidas, de modo que essa concentração de poder não seja tão hermética.


           

Algumas tendências nos servem de parâmetros para essa nova educação: os grandes problemas da humanidade só poderão ser superados numa abordagem sistêmica; alguns conteúdos ensinados em sala de aula devem ser revistos e arejados; a forma de ensinar vai incorporar recursos tecnológicos; o domínio da tecnologia será uma habilidade cada vez mais necessária, em diversos níveis, devendo ser incorporado na educação; a genuína sustentabilidade deve ser compreendida e tornar-se a referência de todas as ações humanas..


           Para começar, é preciso reconhecer que, em nossa época, se, por um lado, temos o inegável e irreversível avanço tecnológico, em todas as áreas, o que proporciona mais qualidade de vida para as pessoas que podem consumi-lo e cada vez mais pessoas vêm tendo acesso aos bens e serviços, por outro, é igualmente verdade que os padrões éticos e morais não vêm evoluindo no mesmo ritmo.


Temos a sociedade mais hedonista e utilitarista da história humana. Isso está presente, inclusive, nos processos de ensino-aprendizagem.

            Por isso, se se pretende que o futuro possa cumprir as promessas de bem-estar à humanidade, considerando os aspectos físicos, psicológicos, sociais e econômicos, a escola terá que estar atenta para oferecer conhecimentos da base tecnológica o suficiente para que os alunos, em paralelo, incorporem bons princípios quanto ao seu uso e consumo.


Pela centralidade que a escola ocupa na sociedade, é seu dever educar para a construção de ambientes cada vez mais seguros no uso da tecnologia, inclusive a internet.

            Devemos, então, pensar se estamos prontos para desbravar o mar revolto das informações desencontradas que nos atingem diariamente, para alcançar a tábua de salvação segura, evitando aquelas que parecem boas, mas são frágeis, para, assim, conseguirmos chegar ao porto a salvo. É como diz o provérbio chinês:


“A melhor época para plantar uma árvore foi há 20 anos; o segundo melhor momento é agora”!

 

Wilges Bruscato

Consultora nas áreas de Pedagogia e Jurídica. Doutora em Direito das Relações Sociais.

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